Vale investirá R$ 20 milhões em sistema de gestão de energia
SmartEnergy prevê a instalação, até
2021, de 2 mil medidores inteligentes de energia elétrica
Por Conexão Mineral 03/01/2020 - 15:30 hs
Foto: Vale
A Vale vai investir
cerca de R$ 20 milhões na implantação de um sistema inteligente de gestão de
energia com o objetivo de melhorar o desempenho de equipamentos e automatização
de processos ao longo de sua cadeia produtiva, da mina ao porto, contribuindo
para reduzir as emissões atmosféricas da empresa.
O SmartEnergy, como
foi batizado o sistema, prevê a instalação, até 2021, de 2 mil medidores
inteligentes de energia elétrica em 57 unidades operacionais e em grandes
equipamentos da empresa no Brasil - por exemplo, em circuito de moagem de
minério, transportadores de correias de longa distância e sistemas de
bombeamento. O medidor inteligente permite a redução de perdas de produção
através da avaliação contínua da qualidade da energia e identificação das
causas de falhas no fornecimento. Em testes realizados com a tecnologia em duas
minas, a empresa obteve uma economia de R$ 90 milhões por ano com eliminação de
paradas de equipamentos após o acionamento inadequado da proteção elétrica.
Segundo o
coordenador do Projeto de Eficiência Energética da Vale, Renato Arantes, os
medidores inteligentes detectam variações de tensão e de corrente elétrica com
extrema precisão, o que é importante para o ajuste dos protetores. Eles
registram também o consumo de energia e enviam os dados ao SmartEnergy, que,
por sua vez, viabiliza interações com vários sistemas corporativos, permitindo
o gerenciamento de programas de eficiência energética, entre outras funções.
"Muitas vezes,
o sistema de proteção elétrica desliga equipamentos ou processos importantes
por conta de oscilações de energia que poderiam ser suportadas perfeitamente,
sem trazer qualquer risco para as operações. Essas pequenas interrupções
impactam na produtividade, pois é preciso reiniciar os equipamentos e processos
e, até que eles voltem à capacidade de operação normal, gasta-se energia
desnecessariamente, sem contar o impacto na produção e também no aumento de
emissões CO2 da empresa", disse Renato Arantes
A coordenadora de
TI do SmartEnergy, Laysa Mello, explica que o sistema irá padronizar os dados
gerados pelos medidores inteligentes com o intuito de produzir análises de
performance do uso da energia na empresa. "Essa padronização ajuda a
operação a planejar melhor o consumo e a demanda por energia em todas as
operações, pois temos maior disponibilização e precisão dos dados que não
tínhamos antes", explica. Embora seja um software de prateleira, ou seja,
já disponível no mercado, o SmartEnergy teve que ser customizado para as
necessidades da Vale. Uma equipe de 65 empregados foi treinada para operar o
sistema já implantado em minas do Pará e de Minas Gerais e no Complexo
Portuário Ponta da Madeira, em São Luís (MA).
A partir de 2020, a
Vale vai estender o uso do equipamento para suas operações no mundo. Em 10
anos, num cenário intermediário, a empresa estima economizar R$ 920 milhões com
energia elétrica a partir da instalação dos medidores inteligentes e da
automatização de gestão de processos em plantas do Brasil e do exterior. Neste
cenário, calcula-se um corte de 120 mil toneladas de GEE/ano, o que representa
às emissões relativas ao consumo médio de 14,4 mil casas por ano. Para o
cálculo, foram consideradas variáveis como custo da energia elétrica, preços do
minério de ferro, níquel e cobre e a produção da Vale. No longo prazo, o
projeto também terá foco na redução dos demais combustíveis utilizados pela
Vale, como diesel, gás natural e o bunker usado nos navios mineraleiros.
Portanto, o potencial de redução de emissões é ainda maior. Em reunião recente
com investidores em Nova York e Londres, a empresa anunciou meta de longo prazo
de neutralizar as emissões de CO2 de suas operações até 2050 e também a revisão
da sua meta de redução de emissão até 2030, a fim de alinhá-la ao Acordo de
Paris. O percentual de corte será anunciado no primeiro semestre de 2020.
Os medidores
inteligentes já foram testados em 2017 nas minas de ferro do S11D e de cobre do
Salobo, no Sudeste do Pará. Salobo registrou redução de 107 horas de paradas
indevidas na produção, motivadas por problemas relacionados à qualidade da
energia, o que refletiu em um aumento de produção de 1,2 milhão de
toneladas/ano na comparação entre 2017 e 2018. No caso de S11D, foram evitadas
18 horas anuais de paralisações de produção na planta, resultando em um aumento
de 130 mil toneladas na produção anual. Até o final de 2019, no S11D, foram
interligados ao SmartEnergy mais de 100 medidores inteligentes.
Além do cenário
intermediário, a Vale avaliou mais dois: um conservador e outro otimista
(agressivo), para estimar a economia de 10 anos com a universalização dos
medidores inteligentes em suas unidades espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. No
cenário conservador, haveria uma economia de cerca de R$ 370 milhões e um corte
de 60 mil toneladas de GEE/ano, o equivalente às emissões relativas ao consumo
médio de energia de 7,2 mil casas por um ano. No cenário agressivo, o ganho
seria de aproximadamente R$ 1,4 bilhão e redução de 180 mil toneladas na
emissão de GEE/ano, que representa às emissões relativas ao consumo médio de
21,5 mil casas/ano.
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