domingo, 29 de maio de 2016

É esta a situação do ferro, ainda



Por Marcelo Villela, maio 23rd, 2016,








Os preços do minério de ferro, elevados pelo frenesi especulativo da China no mês passado, voltaram a cair fortemente. Os futuros despencaram na Ásia na segunda-feira depois que o aumento dos estoques portuários no principal consumidor gerou a preocupação de que a oferta global esteja mais uma vez superando a demanda.

Em Cingapura, o contrato SGX AsiaClear para liquidação em julho chegou a cair 5,7 por cento, para US$ 46,03 a tonelada, e era negociado a US$ 46,34 às 13h48 pelo horário local, enquanto os futuros na Bolsa de Commodities de Dalian chegaram a cair 6,7 por cento, atingindo o menor nível desde fevereiro. As ações de mineradoras como BHP Billiton, Rio Tinto e Fortescue Metals recuaram em Sidney.

O minério de ferro está em uma sequência tumultuada neste ano em um momento em que os investidores tentam avaliar os sinais econômicos conflitantes da maior economia da Ásia comparando-os com os estoques portuários ainda elevados. Na China, os traders acumularam futuros de matérias-primas como o minério de ferro em março e abril, ajudando a elevar os preços, e depois mudaram de curso quando houve repressão dos órgãos reguladores. Os estoques portuários ficaram acima de 100 milhões de toneladas, oferecendo novas evidências de aumento da oferta da Austrália e do Brasil, e a BHP projetou na semana passada que pode haver novos aumentos.

“Os estoques mais uma vez ultrapassaram o nível de 100 milhões de toneladas, indicando que a pressão da oferta subiu significativamente”, disse Fan Lu, analista da Sinosteel Futures, em nota na segunda-feira. “As margens das siderúrgicas diminuíram quando a produção de aço se recuperou”, suprimindo a demanda pelo minério de ferro, disse ela.

O minério de ferro com 62 por cento de conteúdo estava em US$ 54,89 a tonelada na sexta-feira, 22 por cento abaixo do pico de mais de US$ 70 registrado em abril, segundo a Metal Bulletin. Os estoques portuários subiram 1,6 por cento na semana passada, para 100,45 milhões de toneladas, nível mais alto desde março de 2015, segundo dados da Shanghai Steelhome Information Technology. Eles aumentaram 7,9 por cento neste ano.

Com a queda do minério de ferro, outras matérias-primas da fabricação do aço e produtos também recuaram. Os futuros do vergalhão em Xangai chegaram a cair 6,4 por cento na segunda-feira, para 1.930 yuans (US$ 295) a tonelada. Os preços mais ativos haviam chegado a subir para 2.787 yuans há cerca de um mês. Os futuros do carvão de coque em Dalian despencaram.

O Goldman Sachs estava entre os bancos que disseram que os preços vistos durante o frenesi especulativo não durariam porque o excesso de oferta provavelmente retornaria. Na semana passada, Claudio Alves, diretor global de marketing e vendas de minério de ferro da Vale, que tem sede no Rio de Janeiro, disse que era preciso preparar-se para tempos mais difíceis.
Fonte: UOL / Bloomberg

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