Especialistas temem que alongamento da crise
chinesa afete recuperação do Brasil
Qual a
relação entre a grave crise econômica brasileira e global sobre as relações de
emprego e renda em Parauapebas? E sobre o sul\sudeste do Pará? Vivemos numa região cujo cluster primário é a bovinocultura e a
exploração mineral, ambos dependentes de mercados distantes e importadores. O efeito é imediato
sobre a fragilizada indústria da mineração. Já a indústria da proteína
protegida é pelo viés do insaciável mercado da alimentação.
As
empresas de mineração retardam investimentos ou maturam projetos, como Carajás.
Vivemos uma grave crise de emprego na
região. Salva apenas por Canaã e seu megaprojeto S11D e correlatos. Mas o
Brasil em geral patina. Sofremos um momento de retração e reflexão. Não esta
sendo muito diferente para a grande maioria de setores econômicos. Passamos por
apertos. Leiam a matéria sobre a situação econômica brasileira:
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
A queda das ações chinesas, que
abalou o mercado financeiro global nas últimas duas semanas, pode ter efeito
duradouro sobre a economia mundial, caso a crise se prolongue. Segundo especialistas,
se o estouro da bolha acionária no país asiático acarretar a desaceleração da
segunda maior economia do planeta, países exportadores de bens agrícolas e
minerais, como o Brasil, serão os mais prejudicados.
Apesar da volatilidade dos últimos
dias, os economistas dizem que ainda não está claro se o tombo das ações de
empresas chinesas foi apenas um movimento de correção ou se representa uma
tendência duradoura. Embora tenha caído 37,4% desde meados de junho, o índice
da Bolsa de Xangai acumula valorização de 48,2% nos últimos 12 meses. Além
disso, as famílias chinesas aplicam cerca de 20% do patrimônio em instrumentos
financeiros, percentual considerado baixo em relação a outros países.
“Os efeitos da crise chinesa
dependem de esclarecer se a queda no mercado de ações é apenas um episódio ou
significam que o ciclo de crescimento induzido pelas exportações e pelos investimentos
está chegando ao fim. Isso a gente ainda não sabe”, afirma o vice-presidente do
Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya. “Mesmo com a queda nas
exportações, a China pode continuar a crescer fortemente se conseguir aumentar
o consumo interno.”
Segundo o professor de economia
André Nassif, da Universidade Federal Fluminense, o consumo das famílias soma
35% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) na
China. No Brasil, o indicador está em torno de 65%. “Há potencial para a
economia chinesa ampliar o consumo interno. O desafio é fazer a transição de um
modelo exportador e apostar na economia doméstica”, diz.
Caso a crise passe do mercado
financeiro para a economia real, no entanto, os especialistas advertem de que
as consequências podem ser drásticas. Maior consumidor mundial de commodities (bens
agrícolas e minerais com cotação internacional), a China influencia, de forma
significativa, os preços e as quantidades comercializadas de produtos como
soja, ferro e petróleo, afetando países exportadores.
Para Nassif, o Brasil será
fortemente afetado no caso de uma desaceleração duradoura do segundo maior
mercado exportador do país. “O aumento das vendas externas é a única variável
que poderia fazer a economia brasileira voltar a crescer mais rápido. Neste
ano, as exportações brasileiras caíram por causa da queda de preços
internacionais. Se as quantidades também caírem, as consequências serão
dramáticas”, aflrma Nassif. “Na crise de 2002 e 2003, o Brasil foi beneficiado
pelo início da elevação de preços das commodities. Agora, esse
fator não existe mais.”
Nos últimos sete anos, a economia
da China tem experimentado queda no ritmo de crescimento. De 14% de alta do PIB
em 2007, o país asiático deve encerrar 2015 com expansão de 6,9%. Caso a crise
no mercado financeiro chinês se intensifique, o país poderá crescer entre 4% e
5% ao ano a partir de 2016. Mesmo com a desaceleração, o vice-presidente do
Cofecon considera o índice ótimo. “Desde o fim dos anos 80, a China cresce 10%
ao ano. É natural que esse índice não se sustente, mas um crescimento de 5% é
ótimo sob qualquer padrão”, diz.
De acordo com Miragaya, a queda do
preço das commodities não está relacionada apenas ao desempenho
da economia chinesa. “Existem cartéis internacionais nos mercados de minério de
ferro e de petróleo que estão aumentando a produção e jogando para baixo os
preços em todo o mundo. Isso derruba não apenas as empresas menores, mas
complica a situação de países que precisam de divisas para equilibrar as finanças,
como o Brasil”, acrescenta.
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