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Marcelo Villela, outubro 20th, 2017, 0:01 - LINK PERMANENTE
A Vale informou ao mercado ontem à noite sobre
a aprovação, em Assembleia Extraordinária, da proposta de conversão de todas
as açõespreferencias (PN, sem
voto) classe “A” em ações ordinárias da empresa, na proporção de 0,9342 ação ON
por PNA, mesma proporção do movimento de conversão anterior.
A medida agradou analistas, que veem o avanço do
processo como um indicador de melhora de governança da empresa, reduzindo seu
desconto em relação aos seus pares. A Vale divulgou hoje que a produção de
minério de ferro foi recorde no terceiro trimestre. Apesar das boas notícias, a
ação ON da mineradora cai 0,6%, refletindo o mau humor do mercado em geral no
Brasil e no exterior. O Índice Bovespa recua 1,49%, para 75.448 pontos,
enquanto o Euro Stoxx 50 cai 0,53%. O Dow Jones, em Nova York, recua 0,23%.
A empresa também informou sobre o Direito de
Retirada. Apenas os acionistas das ações PNA dissidentes da deliberação da
Assembleia Especial que aprovou a Conversão das Ações Remanescentes terão o
direito de retirar-se da companhia. O valor patrimonial a ser pago ficou em R$
24.26 por ação, calculado com base no último balanço aprovado pela Assembleia
Geral Ordinária de 20 de abril de 2017, levantado em 31 de dezembro de 2016.
A aprovação da conversão permitirá que a Vale
antecipe sua entrada no segmento Novo Mercado, nível de mais alta governança
corporativa da B3, inicialmente esperada para 2019, diz o BB Investimentos em
relatório aos investidores. Ao se tornar uma corporação sem controle definido,
o banco acredita que o desconto existente com relação aos seus pares
internacionais diminua, considerando que um dos pontos questionados pelos
investidores sobre a interferência em sua governança deva ser minimizado.
Mais liquidez
O processo deve também aumentar a liquidez das
ações da empresa e melhorar o acesso ao mercado de capitais. Além disso, ao ter
o controle diluído, a Vale aumentará a influência do Corpo Diretivo na
administração da companhia, diretoria essa que deverá ser composta por
especialistas com melhor visão e experiência de mercado e menos interferência
de um ou outro controlador.
Para o analista Gabriela Cortez, a Vale está se
consolidando como líder na indústria do minério de ferro, aproveitando-se do
momento positivo em que atualmente se encontra. O processo de entrada no Novo
Mercado agregará ainda mais à tese de investimentos da companhia, com uma melhora
na sua governança ganhando espaço. “Não obstante, operacionalmente, lembramos
que o Sistema Norte operará com capacidade de 230 mtpa em 2020, quando o S11D
estiver operando totalmente”, diz a analista em relatório.
O projeto deve ser entregue dentro de cronograma e
abaixo do orçamento inicial de US$ 19,7 bilhões (atualmente em US$ 14,5 bi). A
nova unidade será uma das mais eficientes e flexíveis do mundo. Adicionalmente,
com a ocupação da capacidade (ramp up) de S11D, o BB Investimentos espera mais
redução de custos e ganhos de margens por vir, fortalecendo a geração de caixa,
diminuindo a alavancagem e aumentando os resultados.
A mina conta com um minério de ferro de altíssima
qualidade (quase toda a produção do sistema já entrega um minério com teor de
65%) e uma estrutura bastante enxuta que faz dela uma das minas com um dos
menores custo. “Dito isto, reafirmamos nossa visão positiva sobre a companhia,
mantendo nosso preço-alvo 2018 em BRL 43,00 (USD 12,70) com recomendação
Outperform (compra)”, diz a analista.
A notícia da proximidade com o Novo Mercado deve
favorecer as ações da Vale, juntamente com a do aumento de produção no terceiro
trimestre, diz a corretora Coinvalores. O desempenho operacional da mineradora
seguiu sólido no terceiro trimestre. A produção consolidada de minério de ferro
foi 3,6% maior do que a registrada no trimestre anterior, devido ao aumento de
produção no Sistema Norte e o ramp up do S11D, onde há maior eficiência
operacional, e a redução na produção do Sistema Sul e Sudeste, dado a
estratégia atual de maximizar as margens. Dessa forma, o teor médio de ferro
apresentou ligeira melhora, saindo dos 63,8% do 2T para 64,1% agora.
Vale é “top pick” do Itaú
Já para o Itaú, a notícia sobre o Novo Mercado é
marginalmente positiva, pois confirma que a governança da empresa atingirá os
mais altos padrões brasileiros. O banco mantem a recomendação de compra
(outperform) com preço justo para o fim de 2018 de R$ 41,00.
A Vale é uma das empresas preferidas do universo de
cobertura da Itaú Corretora, considerando a dinâmica de cortes de custos,
melhora na governança corporativa e o cenário favorável com o preço do minério
de ferro no patamar atual. Nos últimos três pregões, as ações apresentam quedas
consecutivas, que o banco vê como um ponto de entrada favorável para uma
operação de curto prazo.
A corretora espera também resultados fortes no
terceiro trimestre, beneficiados por melhores preços realizados do minério de
ferro (US$ 65/tonelada vs. US$ 50/tonelada no segundo trimestre), menores custos
de caixa e resultados mais fortes da operação de metais básicos. A empresa
divulgará seus resultados no dia 26 de outubro, e os analistas do Itaú projetam
um lucro antes de impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda) de US$
4,3 bilhões.
Além dos indicadores fundamentalistas, de acordo
com a análise gráfica, com as quedas recentes, a ação aproximou-se do suporte
em R$ 31,50, que pode ser um ponto de retorno para ação nos próximos dias.
Neste caso, a ação VALE3 poderá buscar as resistências em R$ 33,65, R$ 34,30 e
R$ 35,70.
Este conteúdo foi originalmente publicado no site Arena do Pavini.
Fonte: Exame
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