Descoberto
no Brasil mineral "tecnologicamente fantástico"
Redação do Site Inovação Tecnológica -
07/04/2016
Amostras da melcherita foram depositadas no Museu de Geociências da USP
e no Museu Mineralógico da Universidade do Arizona, nos EUA.
[Imagem: Divulgação/ICAM/IFSC]
Melcherita
Pesquisadores da USP descobriram
um novo mineral cujas propriedades físicas e estruturais o habilitam para
importantes aplicações tecnológicas.
O novo mineral foi encontrado em
uma cavidade muito pequena de uma rocha de carbonatito, que é rica em calcita e
dolomita, na mina de fosfato (carbonatito) de Jacupiranga, no município de
Cajati (SP). Nesse tipo de cavidade se encontram os minerais mais raros.
O mineral, batizado de
melcherita, foi descoberto pelo engenheiro de minas Luiz Alberto Dias Menezes
Filho (1950-2014) e caracterizado pela equipe do professor Daniel Atencio, do
Instituto de Física da USP em São Carlos (SP). O nome melcherita é uma
homenagem ao falecido professor Geraldo Conrado Melcher (1924-2011).
A fórmula química do mineral é Ba2Na2Mg[Nb6O19]·6H2O.
Mineral de nióbio
"A estrutura da melcherita é
muito versátil. E até pouco tempo só havíamos encontrado essa estrutura em
compostos produzidos em laboratório, e não na natureza", explicou o
pesquisador Marcelo Barbosa de Andrade.
Contudo, ao contrário dos
compostos sintéticos, ou seja, aqueles produzidos em laboratório, a melcherita
contém nióbio (Nb), substância bastante utilizada na fabricação de aços
especiais, mas também em materiais supercondutores, novas gerações de discos rígidos
para computadores e até reatores de fusão nuclear.
Por ter características
diferentes dos compostos sintéticos, segundo Marcelo, a "possibilidade de
aplicação tecnológica desse mineral é fantástica".
Há poucas semanas se descobriu
que o nióbio se autoestrutura para formar um
supercondutor. Da mesma forma, o nióbio pode originar octaedros -
estruturas que contêm oito faces - que se unem formando um
"super-octaedro".
O pesquisador explica que já existem estudos
envolvendo o aprisionamento de substâncias por essas estruturas formadas pelo nióbio, como vírus e
compostos químicos letais, como o gás sarin.
Muitas novidades
Por se tratar de um mineral
recém-descoberto, ainda serão feitas análises com foco nas propriedades físicas
do mineral a fim de analisar outras possíveis aplicações da melcherita, mesmo
porque esse mineral ainda não foi encontrado em nenhuma outra região do mundo,
a não ser em Cajati.
"A pesquisa ainda está em
desenvolvimento. E, em razão de podermos substituir os elementos que existem no
mineral, alterando suas propriedades físicas, esperamos apresentar muitas
novidades", afirma Marcelo.
Devido à sua raridade, amostras
da melcherita foram depositadas no Museu de Geociências da USP e no Museu
Mineralógico da Universidade do Arizona, nos EUA, onde estarão acessíveis aos
pesquisadores interessados em desenvolver novos estudos com o mineral
recém-descoberto.
Bibliografia:
Melcherite, IMA 2015-018
Marcelo B. Andrade, Daniel Atencio, Luiz A. D. Menezes Filho
Mineralogical Magazine
Vol.: 79, 529-535
Melcherite, IMA 2015-018
Marcelo B. Andrade, Daniel Atencio, Luiz A. D. Menezes Filho
Mineralogical Magazine
Vol.: 79, 529-535
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