Por
Marcelo Villela, março 24th, 2016, 4:34
A ajuda pode estar à mão para as
siderúrgicas internacionais atingidas pela concorrência da China. O volume
recorde de exportações do maior país produtor provavelmente cairá após o
aumento dos preços, ampliando a atratividade das vendas locais para as usinas
em relação aos embarques ao exterior, segundo o Noble Group.
“A principal razão pela qual
teremos exportações menores de aço chinês, pelo menos nos próximos meses, é que
de dezembro para cá os preços do aço chinês têm apresentado um desempenho muito
melhor que os preços do aço de outras regiões”, disse Gueorgui Pirinski,
analista de materiais de aço-carbono da trader de commodities, em uma
conferência em Cingapura na quarta-feira. “Tivemos uma alta enorme, de 30 a 40
por cento”.
As exportações da China, país que
responde por cerca de metade da produção global, atingiram uma alta histórica
no ano passado em um momento em que as produtoras lidavam com a queda dos
preços locais e com a abundância de material.
O excesso ampliou a concorrência
na Ásia, na Europa e nos EUA, reduzindo os lucros das usinas de todo o mundo e
gerando um aumento nas tensões comerciais em meio às acusações de que os
volumes crescentes da China estavam sendo vendidos baratos demais.
Neste ano, os preços do aço da
China se recuperaram, em uma mudança que, segundo Pirinski, foi impulsionada
pela produção mais baixa.
‘Bastante agressivo’
“O principal motor dessa inversão
de tendência foi o corte bastante agressivo da produção doméstica de aço da
China”, disse Pirinski, que levantou a possibilidade de que a produção possa
aumentar agora, colocando em perigo a recuperação dos preços do aço.
“Veremos uma aceleração material
da produção doméstica de aço na China — e isso colocará em dúvida a
sustentabilidade do preço do aço”.
Os volumes mais baixos da China
poderão diminuir a pressão sobre siderúrgicas como a ArcelorMittal, com sede em
Luxemburgo, e a U.S. Steel Corp.
A produtora europeia registrou
prejuízo anual em 2015, enquanto a segunda maior fabricante de aço dos EUA se
colocou na vanguarda dos esforços para resistir às importações, descrevendo a
situação como uma “grande guerra”.
Na China, as barras de reforço de
aço, usadas na construção, deram um salto de cerca de 24 por cento em 2016 após
cinco anos de prejuízos.
Na Bolsa de Futuros de Xangai, o
contrato subiu para 2.240 yuans (US$ 345) a tonelada na quarta- feira, nível
mais alto desde junho. O piso chegou a 1.618 yuans em dezembro.
As exportações de aço da China
tiveram uma expansão de quase 20 por cento em 2015, para um recorde de 112,4 milhões
de toneladas, segundo dados aduaneiros divulgados em janeiro.
Em fevereiro, as vendas de
produtos de aço caíram 17 por cento, para 8,11 milhões de toneladas, nível mais
baixo desde março do ano passado, mostram dados do governo.
Tendência sem precedentes
Tendência sem precedentes
A tendência sem precedentes de
exportações baratas da China provocou uma reação negativa na Europa, na Índia e
nos EUA, que se movimentaram para elevar as tarifas após queixas das
siderúrgicas locais.
Contudo, não foi a propagação de
regras comerciais protetoras o que forçou a queda das exportações, segundo
Pirinski. O motivo pelo qual “as exportações de aço da China estão caindo não
são as tarifas antidumping, não é por toda essa postura”.
As exportações da China poderão
não aumentar neste ano, mas ainda assim as siderúrgicas do país tentarão vender
o máximo que puderem, disse N. C. Mathur, presidente da Associação Indiana de
Desenvolvimento do Aço Inoxidável, em entrevista, em Cingapura.
“A China é uma grande ameaça”,
disse Mathur, que trabalha há mais de 40 anos no setor, inclusive na Jindal
Stainless. “Mas ao mesmo tempo os traders estão interessados em comprar
material chinês devido ao seu custo e para ganhar dinheiro”.
Fonte:
Exame
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