Por Marcelo Villela, dezembro 29th,
2015, 0:46
Uma vez que o Federal Reserve (Fed, o banco central
dos EUA) já anunciou seu primeiro aumento de juros em quase uma década, há
cerca de duas semanas, os investidores dos mercados de metais básicos voltaram
a prestar atenção na China, cujos planos de reduzir o excesso na oferta
doméstica geraram esperanças de que os preços dessas commodities se recuperem
em 2016.
As cotações do cobre e do alumínio, os dois metais
mais negociados do mundo, estão 5% e 6%, respectivamente, acima das mínimas em
vários anos atingidas recentemente. Incertezas sobre a ação do Fed e seu
impacto no dólar ajudaram a limitar os ganhos dos metais antes do anúncio do BC
norte-americano. A maioria das commodities, caso dos metais, é atrelada ao
dólar.
Analistas, no entanto, dizem que é muito cedo para
declarar uma recuperação plena dos metais e os preços continuam baixos pelos
padrões históricos. O contrato de alumínio para entrega em três meses é
negociado atualmente a US$ 1.515,00 por tonelada na London Metal Exchange
(LME), e o cobre, a US$ 4.660,00 por tonelada.
“Só esperamos ver alguma recuperação dos
fundamentos no segundo trimestre do próximo ano”, comentou Helen Lau, analista
da Argonaut Securities. Parte do avanço recente dos metais é atribuída a
medidas anunciadas pela China com o objetivo de diminuir o excesso de
capacidade em alguns setores, como o siderúrgico. A consolidação chinesa deverá
envolver a fusão de estatais e cortes na produção ou encerramento de operações.
“Prevemos que a China implementará reformas no lado
da oferta ao longo de 2016 e acelerar a consolidação na indústria do aço e de
outros setores que fazem uso intensivo de energia”, disse Lau. Neste mês, o
regulador chinês de ativos estatais anunciou que a mineradora e negociadora de
metais China Minmetals Corp. irá assumir o controle da Metallurgical Corp. of
China.
Além disso, produtores chineses de alumínio, cobre
e níquel revelaram planos de reduzir produção nos próximos meses. Mais
especificamente, produtores de cobre e níquel disseram no mês passado que irão
cortar a produção em 5% e 15%, respectivamente. Já os 14 principais produtores
de alumínio da China declararam que não vão retomar produção que tenha sido
suspensa ou iniciar novas operações no ano que vem.
Em relatório recente, o Citi previu que mais
siderúrgicas chinesas deverão encerrar atividades após o feriado lunar de
Ano-Novo da China e que o mercado de alumínio poderá precisar de mais tempo
para se equilibrar.
“No lado da consolidação, não esperamos o
fechamento imediato (de unidades produtoras de metais). Isso deve acontecer ao
longo de meses, mas o progresso será mais rápido do que em anos anteriores”,
disse Lau. “Acreditamos que a recuperação da demanda será gradual.”
O vice-presidente da Moody’s baseado em Xangai,
Jiming Zou, por sua vez, estima que cerca de 50% a 60% das siderúrgicas
chinesas estão operando no vermelho. ”Até agora este ano, o fluxo de caixa
operacional (das siderúrgicas) tem sido suficiente apenas para pagar juros
sobre empréstimos”, diz Zou, ressaltando que, em 2016, o fluxo de caixa de
muitas empresas não bastará para isso.
A produção total de aço da China este ano deverá
ser de cerca de 800 milhões de toneladas e a demanda, em torno de 710 milhões de
toneladas, segundo estimativa de Zou.
Fonte: Dow Jones Newswires
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